Compartilhar experiências de vida relacionadas à fissura labiopalatina e trazer informações úteis sobre o assunto para pacientes e pais, a partir de entrevistas com profissionais experientes na área. Esta é a proposta do canal no YouTube “Lábios Compartidos” (https://www.youtube.com/channel/UCYiiinKt9vIVaCbu-ncqroA), criado no último mês de novembro e que, até 8 de fevereiro, contava com cerca de 3.700 visualizações de vídeos.
A iniciativa é da fisioterapeuta Laís Vidotto, 30 anos, que atualmente reside em Londres, Inglaterra, onde faz doutorado. Laís nasceu com fissura de lábio e palato e iniciou o tratamento no HRAC/Centrinho-USP aos três meses de vida. Natural de São Paulo (SP), é graduada em Fisioterapia (2008), fez aprimoramento profissional em Reabilitação em Anomalias Craniofaciais no HRAC (2010) e especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória no Instituto do Coração-InCor/HCFMUSP (2011), e é mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Estadual de Londrina-UEL (2014).
Laís trabalha desde 2011 com fisioterapia cardiorrespiratória, principalmente em Unidades de Terapia Intensiva (adulto e pediátrica). Atuou no Hospital Evangélico de Londrina (PR) e no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp/HCFMUSP).
No momento, Laís cursa doutorado na Brunel University London, na área de fisioterapia respiratória, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ela trabalha em um projeto que visa traçar o perfil de pacientes com disfunção respiratória e desenvolver uma ferramenta de avaliação e diagnóstico para essa população.
Em dezembro, Laís esteve no Brasil e entrevistou profissionais do HRAC e da Profis. Algumas das entrevistas já resultaram em vídeos e estão disponíveis no canal no YouTube. Tratam de temas como o que é a fissura labiopalatina e trazem informações básicas a gestantes, além de orientações sobre amamentação.
Leia a seguir um breve bate-papo que tivemos com Laís Vidotto, sobre o objetivo do canal e seus projetos para o futuro.
Assessoria de Imprensa HRAC-USP: Ter nascido com fissura influenciou de alguma forma suas escolhas acadêmicas e profissionais?
Laís Vidotto: Sempre tive vontade de ajudar as pessoas, e acredito que tudo que passei por conta da fissura pode sim ter afetado positivamente minhas escolhas de vida, em geral. Mas ter nascido com fissura nunca influenciou minhas escolhas profissionais, especificamente. Meus pais sempre me trataram e orientaram igualmente ao meu irmão. Nunca senti nenhuma diferença nesse sentido. E penso que a forma como eles me trataram me deixou confiante para conquistar meus sonhos.Assessoria de Imprensa HRAC-USP: Conte sobre seu canal no YouTube “Lábios Compartidos”. Qual o objetivo, o que a motiva e o que essa iniciativa representa para você?
Laís Vidotto: Meu canal, “Lábios Compartidos”, foi algo que tive vontade de fazer há um bom tempo, e foi difícil ter coragem e tempo para colocar em prática. Mas esta causa me fez seguir em frente. A intenção é compartilhar minhas experiências de vida relacionadas à fissura, trazer informações úteis sobre o assunto (para pacientes e pais), conversando com profissionais experientes na área. O que me motiva é a vontade de ajudar os pacientes com fissura e/ou anomalias relacionadas a superarem as dificuldades ocasionadas por esta condição, mostrando que podemos (e DEVEMOS) ser muito felizes e aprender a lidar com nossas diferenças e com o preconceito que ainda existe em relação à fissura labiopalatina. Mas, desde que comecei, percebi que EU sou a pessoa que mais tem se beneficiado dessa iniciativa. Tem sido muito bom falar sobre fissura, abrir meu coração, e receber tantas mensagens carinhosas de pacientes, pais e outros.Assessoria de Imprensa HRAC-USP: Como é o processo de produção, edição e divulgação dos vídeos? Você tem alguma ajuda profissional?
Laís Vidotto: Eu faço tudo sozinha. Uso meu próprio celular e um tripé para gravar os vídeos. Tento gravar em locais bonitos e com boa iluminação, já que não tenho nenhum equipamento sofisticado. Eu nunca havia usado nenhum programa de edição de vídeos. Tampouco tinha conhecimento sobre divulgação desse tipo de material. Quando decidi iniciar o projeto, comecei a ler e aprender sobre o assunto. Sei que ainda tenho muito a melhorar, mas a ideia principal é trazer o conteúdo às pessoas que mais podem se beneficiar dele, da melhor forma dentro do que é possível para mim. A proposta é postar vídeos uma vez por semana. Os vídeos nos quais trago profissionais para falar sobre fissura fazem parte de uma série chamada “Falando com o profissional”. Os vídeos têm sido liberados aos poucos, e intercalados com outros onde falo sobre a minha experiência, e com uma outra série chamada “Lábios compartidos que compartilham”, onde são contadas histórias de outros pacientes ou pais. Inclusive, o convite está aberto a quem quiser compartilhar sua história. A identificação dos participantes poderá ou não ser divulgada, dependendo da vontade dos mesmos.Assessoria de Imprensa HRAC-USP: Quando deverá retornar ao Brasil? Quais seus planos para o futuro?
Laís Vidotto: A intenção é que eu e meu esposo retornemos ao Brasil em 2019. Temos muitos planos pessoais e profissionais que queremos colocar em prática. Um dos principais é ter filhos e estar mais próximos da família. Tenho estado em contato com um excelente grupo no Brasil que tem interesse no mesmo campo de pesquisa que eu. A intenção é trabalharmos juntos no futuro, quando eu retornar. Meu canal no YouTube também está nos planos futuros. Quero melhorar o conteúdo e a qualidade dos vídeos a cada dia, e estarei trabalhando para isso. Além disso, organizações internacionais de apoio ao tratamento da fissura entraram em contato comigo e parcerias estão sendo discutidas. Espero que em breve possamos anunciar novidades que deverão ajudar mais pacientes.
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